Por Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
            
O surgimento do radioamadorismo no Brasil remonta ao ano de 1924, pois 
neste ano, no dia 5 de novembro, o Diário Oficial da União publicou o Decreto nº 
16.657, sancionado pelo então Presidente da República Arthur Bernardes, 
regulamentando as estações de radioamadores no Brasil, até então clandestinas. É 
evidente que aqueles pioneiros radioamadores licenciados em 1924, já vinham, há 
um ou dois anos, talvez mais, operando na clandestinidade, pois quando se faz 
uma lei é para normalizar algo já existente. Lívio Gomes Moreira (PY5AG), tido 
como o primeiro radioamador brasileiro, na acepção atual da atividade, já em 
1909, na cidade de Curitiba, no Paraná, dedicava-se à construção de 
transmissores e receptores para a demonstração “da nova invenção da 
telegrafia-sem-fios”. Lívio conseguiu, no ano de 1913, realizar a primeira 
demonstração pública de TSF, a uma distância de 500 metros, assistida pelo então 
Presidente do Estado do Paraná, Dr. Carlos Cavalcanti, e outras autoridades.
            
Lembro também que em 1893/94, o ilustre inventor gaúcho, Padre-cientista 
Roberto Landell de Moura, realizava suas experiências públicas, com êxitos, de 
transmissão de mensagens à distância, sem fios, em fonia e telegrafia, com 
aparelhos de sua invenção, por ondas eletromagnéticas e ondas luminosas, em São 
Paulo. Padre Roberto Landell de Moura é o Patrono dos Radioamadores do 
Brasil.
            
De 1925 a 1931 a atuação dos radioamadores deve ter sido quase totalmente 
isolada, pois somente nos primórdios deste último ano surgiu a primeira 
organização destinada a congregar os integrantes da classe: 12 de fevereiro de 
1931 foi fundada, em São Paulo, a “Liga de Amadores Brasileiros de Rádio 
Emissão” que, fundindo-se três anos depois com outra organização, viria a ser a 
nossa “LABRE”. Esta segunda entidade fora fundada no Rio de Janeiro, em 13 de 
fevereiro de 1933, com o nome de “Rede Brasileira de Radioamadores”.
            
A fusão ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1934, prevalecendo para a nova 
entidade a denominação da mais antiga.
            
Outras associações surgiram logo. Em setembro de 1935 existiam 
devidamente filiados à LABRE, o “Rádio Círculo do Sul”, com sede em Porto 
Alegre, a “Sociedade Paranaense de Rádio”, com sede em Curitiba, o “Clube 
Paulista de Rádio Emissão” e o “Rádio Círculo Bandeirantes”, ambos de São 
Paulo.
            
O eficiente trabalho dessas associações, naquele período, espelha-se 
claramente nestes números: em setembro de 1934 as estações de radioamadores 
registradas eram em número de 139; em novembro de 1935 chegavam a 571. Um 
aumento de mais de 100%, mais exatamente 310%, em um ano e dois meses!
            
O trabalho e a vontade de servir, graças à cooperação de seus associados, 
fez com que a nossa querida LABRE, atingisse a atual estrutura, mantendo 
representações em todas as unidades da Federação, por isso é de âmbito nacional, 
reconhecida internacionalmente.
            
Em razão de que, a 5 de novembro de 1924, o então Presidente da República 
Arthur Bernardes sancionou o Decreto nº 16.657, regulamentando as estações de 
radioamadores existentes no Brasil, foi fixada a data de 5 de novembro como o 
Dia do Radioamador. O referido Decreto foi baixado tendo em vista a 
representação feita no ano de 1923, pela Academia Brasileira de Ciências (Edgard 
Roquette Pinto e Henrique Morize), reconhecendo a existência do radioamadorismo 
no Brasil, tirando-o da clandestinidade.
O Dia do Radioamador foi uma proposição do Conselho 
Federal da LABRE, aprovada por unanimidade, em reunião ocorrida em outubro de 
1968, na cidade de Curitiba, Paraná, após apreciação de meticuloso trabalho de 
pesquisas realizado pelo radioamador João Ramos Bacaratt - PY2AJ, um dos 
fundadores da LABRE-SP e sancionada pela Direção da LABRE-CENTRAL. 
Colaboração de Ivan 
Dorneles Rodrigues - PY3IDR
                          e-mail: ivanr@cpovo.ne

