sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ética por favor!

Faça um rádio melhor, comece por você!

Dedico muito tempo à rádio escuta – verdadeiro coruja – de algumas frequências, assim como muitos colegas que curtem este lado de nosso hobby. Por vezes fico horas e horas acompanhando um papo saudável daqueles que somam conhecimento ou simplesmente faz o tempo passar quando se está na estrada, nem penso em adentrar para simplesmente não atrapalhar a cadência do assunto que estão conversando, fico do lado de cá de meu rádio curtindo. Mas infelizmente não são raras as vezes que um cidadão que possui um rádio e uma antena, longe de ser um radioamador - tendo ou não indicativo, começa com portadoras, risadinhas inconvenientes, replicação do áudio gravado do ultimo câmbio ou mesmo palavrões. Não resta outra alternativa a não ser uma QSY ou a drástica solução da tecla Power off.

Trabalho no mais renomado centro de pesquisas de telecomunicações da América Latina, onde são desenvolvidas tecnologias para vários países, incluindo EUA, Japão, Inglaterra e Rússia, isto me traz conhecimento que facilita o acesso a equipamentos e tecnologias de ponta. Estas tecnologias torna o chamado “éter” palpável, quase que visto a olho nu, lhe permitem por exemplo identificar a emissão de um sinal específico dentro de uma gama de milhares de sinais diferentes dentro de uma mesma faixa.

Não, eu não mudei de assunto, este foi um paralelo para que possamos entender o que digo a seguir. Algum tempo atrás e depois de duas semanas de verificações, analisando duas portadoras que muito incomodam uma determinada frequência destinada pela ANATEL ao radioamadorismo, tive uma grande surpresa, nos dois casos os causadores de tal perturbação eram velhos conhecidos de todos no VHF. Conhecidos ao ponto de participarem esporadicamente como pessoas de bem das rodadas e em determinados momentos se tornavam os perturbadores emissores de portadoras e donos do mais aguçado dicionário de palavrões.

Com uma voz distorcida ou alterando a antena em uso ou mais facilmente a potência do rádio, creem que passam despercebidos, passam aos ouvidos humanos mas são imediatamente identificados por tecnologias dedicadas.

O intuito desta análise feita não foi por desforra, mas para buscar o entendimento que motivava estes perturbadores. Procurei pessoalmente conversar com os dois, o primeiro negou até o ultimo fio de cabelo, mesmo vendo os gráficos de identificação e localização, ouvindo seu próprio áudio clareado o que fora distorcido, simplesmente negou. Por eu não ser órgão fiscalizador – somente um pesquisador de telecomunicações – encaminhei o material ao órgão competente que tomou as providências cabíveis.

Tive mais sorte como segundo, que certamente lerá este artigo recordando nossas conversas, concordou que estava errado e foi o suficiente para abrir as portas para uma conversa saudável com término muito positivo, hoje o amigo adentra a frequência quase que diariamente operando com um verdadeiro rádio amador.

Com certeza os que resolvem perturbar uma frequência não tem motivos justificáveis, pois nada justifica transferir para o próximo as suas frustrações, tristezas e descontentamentos. De forma comum diz-se que não está escrito na testa de um homem se ele é bom ou ruim, o que já não vale para os radioamadores, está “escrito” na testa de sua transmissão se você é bom ou ruim. Sua transmissão é uma verdadeira impressão digital, única, como se fosse o seu RG ou o IP de um computador, você pode ser identificado. A ANATEL hoje dispõe de equipamentos e tecnologias para fazê-lo e outras pessoas também. A prática de interferência é crime, isso não é novidade a novidade é que se tecnicamente comprovada você terá sérios problemas.

Isto posto, faça um rádio limpo, faça um rádio com ética!

PU2XPS Sérgio

Fonte:
http://qapdarf.blogspot.com/2011/04/etica-por-favor.html#comment-form